sábado, 2 de maio de 2009

Para o meu pai!

Meu pai é uma grande figura na minha vida..... É até hoje o homem mais importante para mim, meu pai me ensinou a viver, a entender o mundo de um geito que minha mãe julga ser uma 'tortura alemã' mas entendo meu pai como o grande mestre que eu achava que não tinha. Eu achava a maneira dele me ensinar um pouco controversa e estranha...Meu pai nunca gritou, espancou, julgou, meu pai sempre foi um homem racional, justo e compreensivo que sempre me mostrou o mundo como é de verdade, nunca ouvi histórias escabrosas ou sem sentido, meu pai me levava até o conto de fadas e me mostrava que era tudo mentira ou que esse conto de fadas fazia sentido de alguma maneira. Posso escrever até o blog acabar; tantas coisas que aprendi, tanto que ele me ensinou, seus exemplos, seu geito firme de falar que as vezes me dava tanto medo que fingia não ouvir, sua descomunal paciencia pra explicar como nasce os bebÊs e porque os cachorros do sitio morreram, o que uma joaninha come e como eu dou a folha inteira de alface pra ela, como faço pra escalar os barrancos que eu julgava ser enormes lá do sito da bica, meu pai me salvou um dia no sitio que eu fui atacada por uma galinha gigante só porque eu quis brincar com os pintinho, meu pai me ensinou a nadar, a brincar com facas e atira-las num boneco de madeira que ele desenhou lá em casa, me ensinou a brigar e como bater em meninos, me ensinou a falar e como eu devo me expressar, que meninas nao devem falar palavrão e se um garoto chegasse perto de mim era pra eu dar um soco na cara dele, meu pai me disse uma vez que se um menino me pedisse pra namorar para eu manda-lo lá em casa e eu mandei uns dois sabendo que meu pai não ia deixar, logo , eu ficava atrás da cortina rindo como um hiena!!!!! E quando eu decidi namorar me pai fingiu não saber!
Meu pai me ensinou valores que nenhuma mãe no mundo seria capaz de ensinar a uma menina, meu pai me ensinou que crescemos e a vida muda que devemos ser honestos e que nunca devemos enganar, meu pai me mostrou o valor do amor e que eu posso ser quem eu quiser sem depender dele, mas eu dependo e hoje meu heroi tem os cabelos brancos, brinca com os netos e conta pra eles as mesmas historias que contava pra mim como a do macaco Candimba que via a bunda da véia...
mas o maio ensina mento de todos eles foi ter coragem e lutar pelo que eu acredito e ele me contava a historia do juca pirama (gonçauves dias) e me facinava seu geito sua voz e a entonaçao em recitar todas aquelas palavras:

Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.

Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.

Já vi cruas brigas,
De tribos imigas,
E as duras fadigas
Da guerra provei;
Nas ondas mendaces
Senti pelas faces
Os silvos fugaces
Dos ventos que amei.

Andei longes terras
Lidei cruas guerras,
Vaguei pelas serras
Dos vis Aimoréis;
Vi lutas de bravos,
Vi fortes — escravos!
De estranhos ignavos
Calcados aos pés.

E os campos talados,
E os arcos quebrados,
E os piagas coitados
Já sem maracás;
E os meigos cantores,
Servindo a senhores,
Que vinham traidores,
Com mostras de paz.

Aos golpes do imigo,
Meu último amigo,
Sem lar, sem abrigo
Caiu junto a mi!
Com plácido rosto,
Sereno e composto,
O acerbo desgosto
Comigo sofri.

Meu pai a meu lado
Já cego e quebrado,
De penas ralado,
Firmava-se em mi:
Nós ambos, mesquinhos,
Por ínvios caminhos,
Cobertos d’espinhos
Chegamos aqui!

O velho no entanto
Sofrendo já tanto
De fome e quebranto,
Só qu’ria morrer!
Não mais me contenho,
Nas matas me embrenho,
Das frechas que tenho
Me quero valer.

Então, forasteiro,
Caí prisioneiro
De um troço guerreiro
Com que me encontrei:
O cru dessossêgo
Do pai fraco e cego,
Enquanto não chego
Qual seja, — dizei!

Eu era o seu guia
Na noite sombria,
A só alegria
Que Deus lhe deixou:
Em mim se apoiava,
Em mim se firmava,
Em mim descansava,
Que filho lhe sou.

Ao velho coitado
De penas ralado,
Já cego e quebrado,
Que resta? — Morrer.
Enquanto descreve
O giro tão breve
Da vida que teve,
Deixai-me viver!

Não vil, não ignavo,
Mas forte, mas bravo,
Serei vosso escravo:
Aqui virei ter.
Guerreiros, não coro
Do pranto que choro:
Se a vida deploro,
Também sei morrer.


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